Echinodermata

Echinodermata

Filo Echinodermata

Bárbara Kirmes, Camila Rodrigues Gonçalves, Ian de Oliveira Martins e Sabrina Peterle da Silva

 

    O filo Echinodermata possui os animais mais comuns das praias, sendo lírios do mar, estrelas do mar, serpentes do mar, ouriços do mar, bolacha da praia e pepinos do mar, sendo todos marinhos e em sua maioria bentônicos. O filo contém cerca de 7000 espécies viventes e 13.000 espécies extintas são conhecidas por fósseis que datam do cambriano inferior. 

    O Bauplan dos equinodermos possui uma simetria radial graças a uma organização celomática relativamente avançada, com um endoesqueleto calcário derivado da mesoderme, é composto por placas separadas ou ossículos. Cada placa é perfurada e preenchida com tecido vivo o estroma. Os equinodermos mais modernos possuem uma simetria pentarradial e acredita-se que evoluiu a partir de um plano trirradiado, a diversidade do filo tem o principio de variação no padrão pentâmero.

    Uma epiderme cobre todo o corpo de todos os equinodermos, essa reveste uma derme derivada da mesoderme onde ficam os ossículos. O endoesqueleto é calcário principalmente de CaCo3 . Durante a formação do esqueleto, as placas podem permanecer isoladasou fundir-se para formar placas compostas. O sistema celômico usualmente desenvolve-se como uma série tripartida, porém com a transformação para simetria radial, essas cavidades celômicas não se acomodam nas três regiões do corpo. As principais cavidades do corpo, ou celomas periviscerais, são revestidas de peritônio ciliado, e seu fluido celômico desempenha um importante papel circulatório.

    Uma característica muito importante e exclusiva dos equinodermos é o sistema vascular aqüífero, este envolvido em muitos aspectos da biologia destes organismos. Grande parte do sistema aqüífero é derivada de partes especializadas da porção esquerda da mesocele de seu celoma tripartido. Este um sistema complexo de canais e reservatórios cheios de fluido que auxiliam no transporte interno e na movimentação de projeções carnosas chamadas pés ambulacrais.

    O padrão geral de formado corpo e suporte estrutural dos equinodermos são mantidos primariamente pelos elementos esqueléticos. Estruturas particulares como pés e brânquias são sustentados em grande parte por pressão hidrostática. Muitos equinodermos possuem certos tecidos conjuntivos que contribuem para o “tônus” corporal através de rápidas mudanças em suas propriedades mecânicas, essa mudança parece estar sob controle direto do sistema nervoso, não envolvendo atividade muscular.

    Os metodos de locomoção dos equinodermos são determinados pela configuração geral do corpo, hábitos dos animais e natureza de seus sitemas  esquelético, muscular e aquifero.  Alguns equinodermos permanecem sesseis, outros rastejam onde os braços são curvados para baixo e usados para elevar o corpo acima do substrato, o animal então anda sobre as pontas de seus braços. O nado é realizado por batimentos lentos e suaves dos braços para cima e para baixo, que são divididos em conjuntos funcionando em sicronia. E existe ainda o movimento por pés ambulacrais onde o movimento é realizado pelos milhares de pódios da superficie oral. O movimento como um todo é geralmente deslizante devido ao alto numero de pés e este movimento tem-se uma coordenação para a direção do movimento.

    Os equinodermos possuem um celoma espaçoso, no qual está suspenso um trato digestivo bem desenvolvido e completo possuindo boca, estômago, intestino e ânus, porém o estômago é encontrado apenas nas especies carnivoras, onde neste localiza-se substâncias digestivas. Geralmente se alimentam do fitoplâncton e do zooplâncton, algumas espécies apresentando estruturas acessórias para a alimentação.

    A maior parte dos equinodermos se vale de projeções externas de parede fina como superficies respiratórias. Somente ofiuróides e holotúrias têm orgãos internos especiais para tal finalidade. Devido ao tamanho e volume corpóreo relativamente grandes de muitos equinodermos, os mecanismos de transporte de fluido são de extrema importância no transporte de gases dissolvidos atráves dos tecidos intenos e superficie do corpo.

    O transporte interno no filo é realizado em grande parte pelos celoma periviscerais principais, aumentando em vários graus pelos sistema vascular aquifero e hemal, ambos derivados do celoma. Os fluidos são movidos através desses sistemas principalmente pela ação dos cílios e, em alguns casos, por bombeamento muscular. O sitema hemal e de grande importancia ao grupo, ele é um conjunto complexo de canais e lacunas preponderantemente mergulhados em canais celômicos. Em outros organismos o sistema hemal consiste em um anel hemal oral e outro aboral. O seio axial frequentemente se abre para o canal petreo atraves de poros e é uma fonte de fluido para o sistema vascular aquifero. O fluido circula pelo sitema hemal por batimento ciliar, a função desse sistema não é totalmente compreendida, mas provavelmente ajuda a distribuir nutrientes absorvidos do trato digestivo.

    Na maioria dos equinodermos, os residuos nitrogenados dissolvidos (amônia) difunmdem-se através da superficie do corpo para o meio externo. Sendo variado o mecanismo de excreção nos grupos.

    O sistema nervoso do filo é descentralizado, um tanto quanto difuso e sem gânglio cerebral. Há tres redes neurais principais, integradas entre si e desenvolvidas em diferentes graus entre as classes. São elas o sistema ectoneural (oral) predominantemente sensorial, o sistema hiponeural (oral profundo) sendo principalmente motor e o sistema entoneural (aboral) sendo o componente nervoso principal nos crinóides, acumulando funções motoras e sensoriais.  Estes três sistemas são interconectados por uma rede nervosa derivada primariamente de componentes ectoneurais e entoneurais. A rede nervosa é frequentemente descrita como um plexo subepidérmico, mas dá origem a neuronios intra-epidérmicos. Receptores sensoriais são principalmente restritos a estruturas epiteliais relativamente simples, enervadas por um plexo do sistema ectoneural. Neurônios sensoriais localizados na epiderme respondem ao toque, substancias quimicas dissolvidas, correntes de água e luz. Apesar de seu sistema nervoso bastante e falta de orgãos sensoriais especializados, muitos equinodermos apresentam comportamentos complexos.

    A repordução sexuada em equinodermos ocorre em alguns asteroides e ofiuróides através de um processo chamado fissiparidade, no qual o disco central divide-se em dois e casa metade forma um animal completo por regeneração. A maioria dos equinodermos é capaz de regenerar partes perdidas, como  uma estrela do mar recuperar um braço inteiro. Outras especies conseguem regeneração completa a partir de um pequeno fragmento do animal.

    A maioria dos equinodermos é dióica, porém espécies hermafroditas são conhecidas entre os asteróides, holuturóides e especialmente ofiuróides. O sistema reprodutor é relativamente simples e está intimamente associado com derivações do celoma. As gônadas são usualmente abrigadas em seios genitais revestidos por peritônio. As estrategias reprodutivas dos equinodermos variam desde a liberação de gametas na agua seguida de fertilização externa e desenvolvimento indireto.

    Os ovos dos equinodermos com desova livre usualmente são isolecitos, com relativamente pequenas quantidades de vitelo. A clivagem é radial, holoblástica e inicialmente  igual ou subigual, e resulta em uma celoblástula oca. Durante os estágios finais da gastrulação e desenvolvimento do celoma, o embrião assume uma simetria bilateral e eventualmente, torna-se uma larva livre-natante. Larvas planctônicas de equinodermos usam bandas de cílios para nadar e criar correntes de alimentação.

Classe Crinoidea
 

    Crinoideos são a mais antiga e em alguns aspectos, a mais primitiva classe dos equinodermos viventes. Os chamados lírios do mar, que são fixos e com haste, surgiram na era paleozoica contando com 80 espécies vivas até hoje. 

Lírios-do-mar. (FONTE: https://essaseoutras.xpg.uol.com.br/tudo-sobre-lirios-do-mar-estrutura-alimentacao-extincao-e-fotos/)

    Já os mais recentes, de vida livre, vivem a 100 metros de profundidade e não são comumente vistos. A maioria desses crinoides modernos pertence ao gênero Comatulida. As penas do mar, como são chamados, se dividem em 550 espécies.

    O corpo dos crinoideos é composto por uma haste - formada por ossículos (que dão uma aparência articulada) e com a presença de cirros que ficam em espiral em volta da mesma - e um corpo pentameral chamado coroa. Esta se prende a haste pela sua superfície aboral -  mais firme, composta de ossículos e em formato de taça -, fazendo com que sua superfície oral – maios ou menos membranosa - seja pra cima (ao contrário dos demais equinodermos). No lado oral encontra-se a boca, cinco sulcos ambulacrais e o ânus (que fica em uma área interambulacral, em cima do cone anal).

    Nos lírios do mar, a haste permanece podendo chegar a 1m (mas, normalmente é bem menor). Já nas penas do mar, a haste se perde durante o desenvolvimento pós-larval, porem alguns cirros permanecem e auxiliam na hora que o animal descansa e algum substrato (podem ser longos e delgados ou robustos e firmes).

    Os braços saem da coroa e apesar de existirem espécies primitivas com cinco braços, a maioria tem dez, pois esses se bifurcam logo na saída da coroa. Cada braço possui uma fileira de apêndices articulados chamados pínulas.

    Os sulcos ambulacrais se entendem pelos braços e pínulas. Eles possuem dobras móveis em suas margens chamadas lóbulos, que podem expor ou cobrir o sulco. No lado interno de cada lóbulo existem três pés ambulacrais.

    Os crinoideos de águas frias são marrons, porem os demais, apresentam uma grande variedade de cores.

    A epiderme só é ciliada nos sulcos ambulacrais. No mais, o corpo dos crinoides é composto por ossículos que são ligados por uma fibra colágena que pode mudar sua rigidez conforme a necessidade do animal.

    Os lírios do mar movimentam-se apenas encurvando a haste ou flexionando e estendendo os braços alternadamente.  As penas do mar nadam e rastejam curtas distâncias, porém o nado é exclusivamente uma resposta de fuga.

Lírios-do-mar. (FONTE:https://essaseoutras.xpg.uol.com.br/tudo-sobre-lirios-do-mar-estrutura-alimentacao-extincao-e-fotos/)

    Os crinoides são consumidores de suspensão, e os pés ambulacrais, ao tocar as partículas suspensas, sofrem uma ação rápida e empurram as partículas pra dentro do sulco ambulacral. Os cílios ambulacrais carregam as partículas presas no muco sob os braços ao interior da boca. Os braços são mantidos como um funil ou como um leque – circular ou plano – quando em uma corrente. Os braços múltiplos juntamente com as pínulas fornecem a superfície de contado pra esse tipo de alimentação.

    Acredita-se que os detritos reunidos sejam depositados em pequenos sáculos enfileirados nos sulcos ambulacrais que, supostamente, são eliminados periodicamente no exterior.

    Não possuem um madreporito, e sim vários poros superficiais separados com canais que se abrem no celoma.

    Seu sistema nervos é composto por três divisões interconectantes. O sistema aboral (motor), o sistema oral (sensorial) e o sistema sensorial hiponeural (que enervam as pínulas e os pés ambulacrais).

    Os crinoideos possuem grande capacidade de regeneração, podendo regerar braços e até a massa visceral.

    Todos os indivíduos são dioicos, os gametas são produzidos nos braços onde também são encubados. O desenvolvimento é indireto, com a produção de uma larva livre-natante (vitelária). Essa larva se sedimenta no substrato e passa por vários processos metamórficos  até dar origem a um crinoideo pequeno com haste. No caso da pena do mar, a coroa se desprende na fase adulta.

Classe Concentricycloidea

 

    Equinodermos discoides minúsculos encontrados em madeira no fundo do mar. Possuem de 2 a 9mm e sua face aboral é coberta por ossículos que parecem placas. Apresentam espinhos marginais em torno da periferia.

    O sistema hidrovascular é composto por canais anelares da onde surgem os pés ambulacrais, a partir do mais externo. Nem todas as espécies desse grupo possuem intestino, porem, todas possuem um par de gônadas para cada uma das cinco bursas. Nesta classe os braços encontram-se ausentes.

Xyloplax- Gênero concentricycloidea. (FONTE: https://paleofreak.blogalia.com/historias/69628)

Classe Asteroidea

    Esta classe contém as estrelas-do mar. São equinodermos em forma de estrela e de movimentos livres, nos quais o corpo é composto de raios ou braços, que se projetam a partir de um disco central. São encontradas por todo o mundo, principalmente em águas costeiras, mas o nordeste do Pacífico possui a maior concentração de espécies de asteróideos. As estrelas-do-mar são comumente vermelhadas, alaranjadas, azuis, roxas, verdes ou existem combinações de cores.

    As estrelas-do-mar são tipicamente pentamerais, com a maioria das espécies possuindo cinco braços. No entanto, os sóis-do-mar possuem de 7 a 40 ou mais braços. A maioria dos asteróideos varia de 12 a 24 cm de diâmetro.

    Os braços não saem precisamente do disco central, ou seja, o braço em geral converte-se gradualmente no disco, e algumas espécies têm braços muito curtos. A boca localiza-se no centro do lado inferior do disco, e toda a superfície inferior do disco e dos braços é chamada de superfície oral. A partir da boca, um largo sulco entende-se radialmente no interior de cada braço, cada sulco contém duas ou quatro fileiras de pequenas projeções tubulares, chamadas de pés ambulacrais.

Morfologia de asteroide. A: superfície aboral; B: superfície oral. (FONTE: © BIODIDAC, https://tolweb.org/Asteroidea).

    A superfície aboral porta o ânus não evidente (quando presente), no centro do disco e uma grande estrutura em forma de botão (o madreporito) em direção a um lado do disco, entre dois dos braços. Espinhos e tubérculos fazem parte do endoesqueleto e, como tal, também se encontram cobertos pela epiderme.

    Nas duas ordens de estrelas-do-mar, a superfície corporal porta pequenos apêndices especializados em forma de mandíbula (pedicelárias), que são utilizados para a proteção, especialmente contra pequenos animais ou larvas que podem sedimentar na superfície corporal da estrela-do-mar.

    O sistema hidrovascular inteiro deriva do celoma, e os canais encontram-se revestidos com um epitélio ciliado e preenchidos com fluido. O sistema hidrovascular encontra-se bem desenvolvido nos asteróideos e funciona como um meio de locomoção.

    Os canais internos do sistema hidrovascular conectam-se ao exterior através do madreporito em forma de botão na superfície aboral. O fundo de cada sulco contém muitos poros que se abrem em canais de poros que passam descendentemente através do madreporito.  O lado interno do canal anelar (anel hídrico) dá origem a quatro ou mais comumente, cinco pares de bolsas muito pregueadas, chamadas de corpos de Tiedemann. Cada canal lateral é provido de uma valva e termina em um bulbo e um pé ambulacral. O bulbo ou ampola é um pequeno saco muscular que se arquela no lado aboral do celoma perivisceral.

    O pé ambulacral é uma curta projeção externa da parede corporal localizada no sulco ambulacral. O sistema digestivo é radial, estendendo-se entre os lados oral e aboral do disco. A boca localiza-se no meio de uma membrana peristomial circular áspera, que é muscular e provida de um esfíncter. A boca leva ao interior de um esôfago curto, que se abre, por sua vez, no interior de um grande estômago que preenche a maior parte do interior do disco e é dividido por uma constricção horizontal em uma grande câmara oral ( o estômago cárdico) e uma câmara oral (o estômago pilórico).

    Muitas estrelas-do-mar alimentam-se quase exclusivamente de bivalves e são predadoras notórias de leitos de ostras. O sistema sanguíneo-vascular é rudimentar nos asteróideos, embora exerça um papel no transporte de nutrientes. Apresentam quatro sistemas circulatórios celômicos.

    A remoção dos detritos nitrogenados é obtida por difusão geral através de áreas finas da superfície corporal, tais como os pés ambulacrais e as pápulas.

    O sistema nervoso não é evidentemente ganglionar, e a maior parte encontra-se intimamente associada à epiderme. Há muitos estudos experimentais acerca do papel do sistema nervoso no movimento das estrelas-do-mar. Cada braço tem um centro nervoso, provavelmente na junção dos nervos radiais e do anel nervoso. Os asteróideos exibem poderes de regeneração consideráveis. Qualquer parte do braço pode ser regenerada, e as partes destruídas do disco central são substituídas.

    Apresentam normalmente reprodução assexuada, são dioicos, e existem dez gônadas, duas em cada braço.  Na maioria da classe, óvulos e espermatozoides são eliminados livremente na água marinha, onde ocorre a fertilização.

    O desenvolvimento leva a uma larva bipinariana, na qual faixas ciliadas localizam-se em longos braços larvais. Com a formação das estruturas de ligação, a larva é chamada de branquiolária e prepara-se para a sedimentação. Após a sedimentação e a ligação, a larva sofre uma metamorfose, na qual os braços larvais se degeneram, o lado esquerdo torna-se a superfície oral e o corpo adulto da parte posterior do corpo larval.

Estrela-do-mar. (FONTE: https://www.ninha.bio.br/biologia/estrelas.html)

Classe Ophiuroidea

    A classe contém os equinodermatas conhecidos como ofiúros, estrelas-serpente ou estrelas-cesto, as 2.000 espécies descritas tornam essa a maior das classes de equinodermos. Encontrados em todos os tipos de habitais marinhos, são frequentemente abundantes em fundos macios em águas rasas e no mar profundo.

 

Serpente-do-mar. (FONTE: https://pt.fotopedia.com/wiki/Ophiuroidea#!/items/flickr-336017933)

    Os braços são extremamente longos e saem precisamente do disco central. Não existe sulco ambulacral e os pés ambulacrais exercem um pequeno papel na locomoção, exceto em algumas espécies raras. O disco central é achatado, exibindo uma circunferência arredonda ou um pouco pentagonal. Os braços dos ofiuróideos parecem reunido devido á presença de quatro fileiras longitudinais de escudos.

    São os equinodermos mais móveis. Durante o movimento, o disco é mantido acima do substrato, com um ou dois braços estendidos para frente e um ou dois braços arrastando-se atrás. Os dois braços laterais restantes realizam um rápido movimento de remadura contra saltos ou solavancos, e os espinhos proporcionam a tração.

    A epiderme não tem cílios superficiais evidentes, exceto em determinadas áreas. A derme contém os escudos esqueléticos mais profundos dos braços.

    O escudo oral que forma o madreporito nos ofiuroides em geral porta um único poro e um único canal, e o canal pétreo sobe até o canal anelar, que se localiza em um sulco na superfície aboral das mandíbulas. O anel hídrico porta quatro vesículas polianas, e também dá origem aos canais radiais, que penetram no lado inferior dos ossículos vertebrais dos braços. Em cada ossículo, o canal radial dá origem a um par de canais laterais, que leva aos pés ambulacrais.

    Os oufiuróides são carnívoros, consumidores de carniça, de depósito ou filtradores. A maioria utiliza vários modos alimentares, mas um é geralmente predominante. O material alimentar grande (tal como o de animais mortos) é varrido para o interior da boca por meio do movimento ondulante de um braço. O animal utiliza seus dentes ou pés ambulacrais orais para se alimentar de algas ou de carniça. Mecanismos de filtração e consumo de depósito têm a vantagem de permitir que o animal estenda somente dois ou três braços alimentares de seu abrigo protetor, bem como utilize várias fontes alimentares.

    O trato digestivo é simples. As mandíbulas emolduram uma cavidade pré-bucal rasa, que é limitada aboralmente por uma membrana peristomal que contém a boca. O esôfago conecta a boca com um grande estômago sacular. O estômago preenche a maior parte do inferior do disco.

    A troca gasosa ocorre através dos pés ambulacrais e por meio de dez sacos internos (bursas), que representam invaginações da superfície oral do disco.  As bursas conectam-se com o exterior por meio de fendas que correm ao longo das margens dos braços na superfície oral do disco. O celoma é mais reduzido quando comparado com o dos outros equinodermos.

    O sistema nervoso é composto de um anel nervoso circum-oral e de nervo radiais, como nos asteróideos. Os órgãos sensoriais especializados encontram-se ausentes.

    As gônadas dos ofiuroides encontram-se associado ao lado celômico das bursas, que providenciam a saída para os gametas e o local de desenvolvimento nas espécies incubadoras. Nas espécies não incubadoras, o desenvolvimento leva a uma larva ofiopluteana, que sofre uma metamorfose antes da sedimentação.

Morfologia de Ophiuroidea. (FONTE: https://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-equinodermata/filo-equinodermata-6.php).

Classe Echinoidea

    Descritas cerca de 950 espécies, os equinoides são equinodermos de movimentos livres comumente conhecidos como ouriços, corações-do-mar e bolachas do mar. Possuem um corpo globoso ou em forma de disco e não possui braços; frequência secundariamente bilateral; placas esqueléticas unidas por uma matriz de colágeno e interdigitações de calcita, formando uma carapaça rígida ou testa, com espinhos móveis; canais do sistema ambulacral internos à carapaça; ambúlacros fechado com aparelho mastigador interno.

    Os equinóideos regulares possuem membros radiais ou regulares, que são conhecidos como ouriços-do-mar. Nessas formas, o corpo é mais ou menos esférico e encontra-se armado com espinhos móveis relativamente longos. O corpo do ouriço do mar pode ser dividido em hemisfério aboral e um oral, com as partes dispostas ao redor do eixo polar. O pólo aboral contém a região anal, conhecida como periprocto. O pólo oral porta a boca e é direcionado contra o substrato. Os espinhos móveis, que são tão característicos dos ouriços-do-mar, arranjam-se mais ou menos simetricamente nas áreas ambulacrais e interambulacrais. Os equinóideos irregulares possuem membros bilaterais ou irregulares, que incluem os corações-do-mar e as bolachas-do-mar. A maioria de suas peculiaridades é de adaptações para escavar na areia. Em contraste com os ouriços-do-mar, a concha encontra-se recoberta por muitos espinhos pequenos, que são utilizados na locomoção e na manutenção dos sedimentos fora da superfície corporal.

Ouriço-do-mar.  (FONTE: https://www.proprofs.com/flashcards/cardshowall.php?title=bio-lab-practical_3)

Ouriço-do-mar (FONTE: https://www.trilhasemergulho.com.br/mergulho/biologia-outros/slides/Ourico-do-Mar-11.html)     

    A parede corporal dos equinóideos é composta por uma epiderme ciliada que cobre a superfície externa, incluindo os espinhos, abaixo da epiderme repousa uma camada nervosa e depois uma derme de tecido conjuntivo, que contém as placas esqueléticas achatadas e saturadas. Sua composição se assemelha a dos asteróideos.  Nos equinódeos uma camada muscular encontra-se ausente e a superfície interna da concha é coberta por peritônio, composto de um epitélio colunar ciliado.

    O padrão geral de forma do corpo e suporte estrutural dos equinodermos é mantido primariamente pelos elementos esqueléticos. Estruturas particulares, tais como pés e brânquias, são sustentadas em grande parte por pressão hidrostática.

    O sistema vascular aquífero dos ouriços-do-mar e das bolachas-da-prais pode ser considerado como uma modificação do plano básico dos asteróides.

    Os ouriços-do-mar alimentam-se com um aparelho raspador altamente desenvolvido, chamado de lanterna de Aristóteles. O aparelho é composto de cinco grandes placas calcárias, chamadas de pirâmides, cada uma das quais com uma forma um pouco semelhante a uma ponta de flecha projetada em direção à boca.

    O fluido celômico é o principal meio circulatório, e os celomócitos são abundantes. O sistema hêmico tem o mesmo plano básico de estrutura que nos asteróideos, porém é bem mais desenvolvido. Nos equinóideos regulares, os cinco pares de brânquias peristomiais são centros importantes de troca gasosa. Cada brânquia é uma protuberância altamente ramificada da parede corporal e encontra-se, portanto, revestida dentro e fora por um epitélio ciliado. O fluido celômico proveniente do celoma da lanterna é bombeado para dentro e para fora das brânquias por meio de um sistema de músculos e ossículos associado à lanterna de Aristóteles.

    O sistema nervoso é basicamente semelhante ao dos asteróideos. O anel circum-oral envolve a faringe no interior da lanterna, e o nervo passa entre as pirâmides da lanterna e corre ao longo do lado inferior da concha, repousando imediatamente abaixo dos canais radiais do sistema hidrovascular. A parte principal do sistema sensorial dos equinóideos e composta por numerosas células sensoriais no epitélio particularmente nos espinhos, pedicelárias e pés embulacrais.

    Todos os equinóideos são dióicos. Um pequeno gonoduto estende-se aboralmente a partir de cada gônoda e abra-se através de um gonóporo localizado em uma das cinco placas genitais. Algumas bolachas-do-mar escavadoras têm longas papilas genitais, permitindo que liberem os óvulos ou os espermatozoides acima da superfície da areia. Os espermatozoides e os óvulos são eliminados na água marinha, onde ocorre a fertilização.

Bolacha-da-praia (FONTE: https://nomarprofundo.blogspot.com.br/2009/06/bolacha-do-mar-bolacha-da-praia.html) 

Classe Holothuroidea

    Os holoturóideos são uma classe de cerca de 900 equinodermos conhecidos como pepinos-do-mar. Possuem corpo carnoso, com forma de salsicha, alongado no eixo oral-aboral; esqueleto usualmente reduzido a ossículos isolados; simetria pentâmera ou secundariamente modificada pela perda dos pés ambulacrais “dorsais” (bívio); pés ambulacrais às vezes totalmente ausentes; madreporito interno; ambúlacros fechados; com uma coroa de tentáculos alimentares ao redor da boca.

Pepino-do-mar (FONTE: https://correiodobrasil.com.br/saude/proteina-do-pepino-do-mar-combate-malaria/129430/)

    A maioria dos pepinos-do-mar é negra, marrom ou verde-oliva, mas encontram-se também outras cores padrões. Ocorre uma variação considerável em tamanho. A forma corporal varia de quase esférica a longa e vermiforme, como nos pepinos-do-mar sinaptídeos. Não é raro que a boca e o ânus se virem dorsalmente nas extremidades do eixo longitudinal do corpo, bem como alguns pepinos-do-mar tenham ate forma de “U”.

    A parede corporal é constituída por uma epiderme não ciliada que se encontra coberta externamente por uma cutícula fina. A camada dérmica espessa contém ossículos microscópicos (escleritos), que exibem uma grande variedade de formas. Essas formas diferentes são importantes na taxonomia dos holoturóideos. Sob a derme encontra-se uma camada muscular circulas que se sobrepõe a cinco faixas únicas ou duplas de fibras longitudinais localizadas nas áreas ambulacrais.

    Nos pepinos-do-mar, o sistema vascular aquífero apresenta os caracteres gerais principais vistos nos outros táxons, mas está organizado de forma a daptar-se a um corpo alongado.

    Os pepinos-do-mar são animais relativamente lerdos e vivem na superfície do findo ou escavam na areia e na lama. As espécies com pés ambulacrais podem rastejar sobre a sola, com os pés ambulacrais funcionando como nos asteróideos. O endireitamento é obtido através do retorcimento da extremidade oral ao redor até que os pés ambulacrais toquem o substrato. Muitas espécies de fundo duro vivem embaixo de rochas, nas fendas rochosas e coralinas assim como entre grandes obstáculos de algas.

    A maioria dos pepinos-do-mar é comedora de depósitos ou de suspensão. Muitas das formas epibentônicas  sedentárias distendem seus tentáculos ramificados cobertos de muco na água para aprisionar partículas em suspensão, incluindo plâncton vivo. Os tentáculos são recolhidos para dentro da boca um de cada vez, e o alimento é ingerido. O suprimento de muco recém produzido é secretado pelas células das papilas dos tentáculos e, aparentemente, também por células glandulares da parte anterior do intestino.

    O celoma é grande e os cílios peritoneais produzem uma corrente de fluido celômico que contribui para a circulação geral de materiais dentro do corpo. A troca gasosa na maioria dos holoturóideos é realizada por meio de ums sistema notável de túbulos chamados de árvores respiratórias. As árvores respiratórias localizam-se no celoma nos lados direito e esquerdo do trato digestivo.

    O anel nervoso circum-oral acomoda-se na membrana bucal próximo à base dos tentáculos. O anel fornece nervos para os tentáculos e também para a faringe. Os cinco nervos radiais, ao deixarem o anel, atravessam a chanfradura nas placas radiais do anel calcário e correm pela extensão do ambulacro no lado celômico da derme.

    Os holoturóideos diferem de todos os outros equinodermos vivos por possuírem uma única gônoda. A maioria dos pepinos-do-mar é dióica, e a gônoda localiza-se anteriormente no celoma sob o interambulacro meio-dorsal. O gonóporo localiza-se meio-dorsalmente entre as bases dos dois tentáculos ou imediatamente atrás do colar tentacular.

    Exceto nas espécies incubadoras, o desenvolvimento ocorre externamente na água marinha, e o embrião é planctônico.

Pepino-do-mar (FONTE: https://toinhoffilho.blogspot.com.br/2011/10/ciencias-vale-apena-saber-voce-sabe-o.html) 

 

 
Curiosidades sobre o Filo Echinodermata

- Apesar de não serem muito utilizados para alimentação, em algumas culturas, comem-se as gônadas do ouriço do mar.

- Para fazer os buracos nas rochas para se alojarem, os ouriços utilizam os “dentes” da lanterna de Aristóteles.

- Echinodermata é o maior filo animal que não possui nenhuma representação em água doce e nem em vida terrestre.

- Existem estudos do colágeno presente nos ouriços para fins estéticos.

- Os ouriços utilizam níquel para aproveitar o CO2 do mar e construir suas carapaças.

- Quando ameaçados, os pepinos do mar lançam seus órgãos digestivos pelo ânus, para distrair o predador. Depois esses órgãos são formados novamente.

- As fezes do pepino do mar ajudam a diminuir a acidez da água e preservar os corais do ambiente.

- O consumo do pepino do mar pode ajudar a combater problemas cardiovasculares.

- As estrelas do mar não possuem cérebro, o seu sistema nervoso é ventral e ganglionar.

- Existem cerca de 1.800 tipos de estrela do mar conhecidas, as mais comuns são a laranja, vermelha e a chocolate.

- A semelhança entre homem e estrela do mar é que ambos são deuterostomados: o blastóporo dando origem ao ânus, e não à boca como os protostomados.

- Quando as estrelas do mar quebram uma parte de seu corpo que esteja nas “pontas” (ou seja, seus braços) elas conseguem regenerar um outro criando até uma nova estrela do mar ou um braço mais resistente.

- Já foram encontrados fósseis de lírio do mar com hastes de 20m.

- O nome “pena do mar” originou-se do nome das pínulas.

 

Bibliografia

[1] BRUSCA R. C.; BRUSCA J. G.; Invertebrados. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2007.

[2] RUPPERT, E. E.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados. Trad. Paulo M. Oliveira. 6° ed. São Paulo: Editora Roca, 1996.

[3] https://www.todabiologia.com/zoologia/equinodermos.htm, acessado em 08 de fevereiro de 2014.

[4] https://www.publico.pt/ciencia/noticia/um-dia-o-ouricodomar-podera-ajudar-a-desfazer-rugas-1582544#/0, acessado em 08 de fevereiro de 2014.

[5] https://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/ouricos-do-mar-reduzem-co2-na-atmosfera-05022013-44.shl, acessado em 08 de fevereiro de 2014.

[6] https://www.aquapointweb-marine.com/template%20pepino%20do%20mar.html, acessado em 08 de fevereiro de 2014.

[7] https://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/02/pepino-do-mar-pode-aliviar-mudancas-climaticas-em-corais-diz-pesquisa.html, acessado em 08 de fevereiro de 2014

[8] https://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2771858, acessado em 08 de fevereiro de 2014.

[9] https://www.aquablog.com.br/2011/09/estrelas-do-mar-um-belissimo-animal-para-seu-aquario-marinho/, acessado em 08 de fevereiro de 2014.