Annelida

Annelida

Caroline Vazzoler, Jade Huguenin, Jéssyca Giesen, Suiany Vitorino 

Filo Annelida

 1. Características Gerais

O filo Annelida compreende os animais segmentados. Organismos protostômios, triploblásticos, com simetria bilateral e celoma verdadeiro, nos quais as cavidades celomáticas têm origem esquizocélica.

Uma característica marcante é a metameria, um corpo alongado, segmentado em anéis. A construção do corpo deles é conhecida como homologia seriada, uma repetição de partes internas e externas a cada segmento. Os corpos podem ser homônomos ou heterônomos (grau de diferenciação no corpo dependendo de suas especializações).

Na extremidade anterior do tronco (cabeça pré-segmentada), está o prostômio, que contém o gânglio cerebral e acomoda órgãos dos sentidos. O primeiro segmento após o prostômio é o peristômio, e circunda ventralmente a boca do organismo. A extremidade posterior do tronco é formada pelo pigídio, “última” porção do corpo, que inclui o ânus. Anterior ao pigídio se encontra a zona de crescimento teloblástico, onde as células vão entrar em divisão para a formação de um novo metâmero.

Este filo compreende animais com trato digestório completo, sistema circulatório fechado, um sistema nervoso bem desenvolvido composto por um gânglio cerebral dorsal, conectivos circum-entéricos e um par ventral de cordões nervosos ganglionados. Estruturas excretoras comumente são metanefrídios, e a respiração pode ser do tipo tegumentar ou branquial.

Os metâmeros dos anelídeos apresentam cerdas epidérmicas laterais pares na maioria dos organismos, e são divididos por septos intersegmentares, que individualizam o conteúdo de cada um.

O filo Annelida é dividido atualmente em duas classes – Polychaeta e Clitellata. Polychaeta é a classe maior e mais diversificada e Clitellata compreende as subclasses Oligochaeta e Hirudinoidea (denominada também Hirudinomorpha ou Hirudinea).

     1.1 Polychaeta

       1.1.1 Características Gerais 

Acredita-se que em Polychaeta  encontra-se os membros mais primitivos dos Anelídeos, com aproximadamente 10 mil espécies, 87 famílias, em 12 ordens.

 Quase todos são marinhos, e vivem de habitats de zona entremarés a profundidades extremas, alguns poucos habitam água salobra ou doce, no mínimo duas espécies vivem na terra e têm várias formas de simbiontes. 

A cabeça compreende o prostômio e o peristômio a qual possui apêndices na forma de palpos, antenas prostomiais e cirros peristomiais, dependendo do hábito de vida.

O tronco pode ser homônomo ou heterônomo, e cada segmento tem um par de apêndices não articulados. O pigídio é a região terminal não segmentada onde está o ânus.

O corpo dos Polychaeta é coberto por uma fina cutícula de fibras de proteínas e polissacarídeos e a epiderme muitas vezes é ciliada em certas partes do corpo. Há ainda um revestimento interno da parede do corpo que circunda os espaços celômicos e reveste superficialmente os órgãos internos, chamado peritônio.

Imagem 1. Esquema das estruturas presentes na cabeça em organismos pertencentes a Nereis, um Polychaeta.

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Imagem 2. Diopatra cuprea, vista dorsal. Polychaeta bentônico, na foto detalhada pode-se observar as brânquias e os parapódios. Porto de Charleston, recife de ostras. The Southeastern Regional Taxonomic Center (SERTC), South Carolina Department of Natural Resources.

1.1.2 Locomoção

Possuem um esqueleto hidrostático para a sustentação do corpo, que em conjunto com a musculatura bem desenvolvida, o plano corporal metamerizado e os parapódios possibilitam a locomoção desses animais.

Nos escavadores, houve a perda dos septos intersegmentares, ou a redução destes e dos parapódios, e as cerdas auxiliam na ancoragem. A ancoragem é alcançada pela contração da musculatura circular da região posterior do corpo, forçando o fluido celômico em direção à região anterior causando inchaço dos segmentos mais anteriores. Dessa forma os músculos longitudinais posteriores contraem-se puxando a parte anterior do animal para frente. Para continuar o movimento de escavação os músculos circulares anteriores contraem, as bandas longitudinais relaxam e a probóscide é projetada para frente para aprofundar a escavação.

Em Nereis, organismo errante homônomo, existe três padrões básicos de locomoção epibentônica (superficial): rastejamento lento,(a força vem da musculatura lateral); rastejamento rápido, (a força é dada pelos músculos longitudinais); e uma natação ineficiente para locomoção, mas eficaz para escapar de predadores.

Imagem 3. Glycera americana, The Southeastern Regional Taxonomic Center (SERTC), South Carolina Department of Natural Resources.

Imagem 4. Nereis succinea, detalhe dos parapódios e cerdas, vista da parte posterior (mais abaixo) e anterior (mais acima), ACE Basing, Carolina do Sul. The Southeastern Regional Taxonomic Center (SERTC), South Carolina Department of Natural Resources.

 No link abaixo pode-se melhor observar a realização desse movimento:

https://www.youtube.com/watch?v=EMzc5CUCOF0

1.1.3 Alimentação

Os raptoriais predadores, alimentam-se de pequenos invertebrados e detectam a presa por meios químicos ou mecânicos.Os comedores de depósitos podem ser seletivos e não seletivos. Os não seletivos ingerem o substrato e digerem apenas a matéria orgânica.

Os comedores de suspensão podem realizar a ingestão de alimentos por radíolos que são utilizados para “pescar” alimentos formando um redemoinho na água. Com o auxilio de cílios, as partículas capturadas são selecionadas por tamanho. Há também os comedores de suspensão por rede mucosa.

Os poliquetas simbiontes são pouco diferenciados de seus parentes de vida livre e a relação com o hospedeiro serve como proteção.

1.1.4 Sistema Digestório

O trato digestório é dividido em três regiões, a região anterior inclui a cavidade bucal, a faringe e a parte anterior do esôfago e pode ter glândulas de veneno associada. É revestida por cutícula e pode ter mandíbulas. Probóscide pode estar presente, ou não.

A região mediana, geralmente inclui o estômago (quando modificado) e um intestino longo e reto. Possui células secretoras que produzem enzimas digestivas.

Em direção à extremidade posterior ocorre a formação das pelotas fecais, sendo adicionado muco ao material não digerido. O transporte do alimento é feito ao longo do trato digestivo por cílios e ação da musculatura do trato. E a digestão é predominantemente extracelular.

1.1.5 Excreção e Osmorregulação

A grande maioria apresenta metanefrídios, que se abrem no celoma por um nefrostômio ciliado. Nos organismos sedentários com ausência de septos intersegmentados completos há apenas um nefrídio, que se localiza na extremidade anterior do animal. A osmorregulação estabelece poucos problemas nas espécies que vivem sob circunstâncias osmóticas constantes. Os osmorreguladores frequentemente apresentam paredes do corpo mais espessas que resistem a alterações de forma e volume.

1.1.6 Circulação e Trocas Gasosas

Como muitas espécies têm um tamanho grande e apenas algumas partes do seu sistema digestório absorve os alimentos, é essencial a presença de um sistema circulatório para auxiliar no transporte e distribuição de nutrientes.

As estruturas especializadas para trocas gasosas são encontradas na forma de brânquias anteriores, coroas tentaculares e filamentos do tronco. Muitos cavadores de zona entremarés captam e armazenam o oxigênio em marés altas e o dissociam em marés baixas. Contudo, o estresse fisiológico da falta de oxigênio nos períodos de maré baixa é diminuído.

1.1.7 Sistema Nervoso

O cérebro é em geral bilobado, repousa no prostômio sob o epitélio dorsal. O fornecimento de nervos do cérebro para os palpos, as antenas, os olhos e os órgãos nucais, depende do grau de desenvolvimento desses órgãos sensoriais. Um par de conectivos circunfaringeanos ou circum-esofágicos circunda o intestino anterior e interconecta o cérebro e o cordão nervoso ventral. A presença de axônios grandes nos cordões nervosos centrais possibilita uma contração rápida, que é importante na defesa contra seus predadores.

1.1.8 Órgãos Sensoriais

Os principais órgãos sensoriais especializados são os ocelos, os órgãos nucais e os estatocistos. Os ocelos estão dispostos na superfície prostomial em pares. Os órgãos nucais consistem de um par de fendas sensoriais frequentemente eversíveis situados na região da cabeça e importantes para detectar alimentos. Os estatocistos estão localizados na cabeça e são responsáveis pela orientação da posição corporal dos Polychaeta.

1.1.9 Regeneração e Reprodução Assexuada

Os Polychaeta apresentam múltiplos graus de capacidade regenerativa. Quase todos têm capacidade de regenerar apêndices perdidos. Raramente é possível a regeneração de alguma parte anterior, já que a cabeça foi perdida.

A regeneração acontece quando ocorre à perda de algum ponto do sistema nervoso que fica fragmentado. Ele lança secreções neuroendócrinas para iniciar a síntese da parte perdida. A reprodução assexuada resulta numa diversidade de padrões de regeneração, incorpora cadeias de indivíduos, brotamento ou crescimento direto para produzir novos indivíduos.

1.1.10 Reprodução Sexuada

A maioria dos organismos é dióica, porém há ocorrências de espécies hermafroditas. Os gametas surgem por proliferação das células do peritônio, que são liberadas no celoma como gametogônias ou gametócitos primários. Podendo ser produzidos em qualquer região ao longo de todo o corpo ou particularmente em áreas especificas. São liberados através de gonodutos, celomodutos, nefrídios, ou simplesmente por ruptura no corpo do animal. Na maioria das vezes são liberados na água o que assegura taxas de fertilidade altas, um método utilizado é a epitoquia.

 Os indivíduos que realizam esse fenômeno são chamados de epítocos, os epítocos são corpos transportadores de gametas que conseguem nadar do fundo para a coluna d’água onde os gametas são liberados.

1.2 Oligochaeta

       1.2.1 Características Gerais

Oligochaeta é uma subclasse dentro da classe Clitellata, esse grupo contém mais de 6000 espécies distribuídas em 25 famílias. Composto por animais conhecidos comumente como minhocas, e possui um número expressivo de representantes de água doce, e algumas espécies marinhas. São menos diversificados que os Polychaeta. Sua grande maioria é cavadora, uns poucos são tubícolas e alguns parasitas.

Oligochaeta possuem apêndices mais simples na cabeça, têm menos cerdas, o sistema reprodutor é complexo e são animais hermafroditas. O corpo dos Oligochaeta é homônomo, mas pode conter algumas especializações, como brânquias, cerdas ou clitelo. A epiderme é coberta por uma fina cutícula, que pode apresentar cílios.

 O revestimento interno é o peritônio, o celoma possui septos intersegmentares bem desenvolvidos com perfurações reguladas por músculos, com poros que conectam o celoma com o exterior (ajudando a manter uma pequena película úmida sobre o corpo) e cerdas que se movimentam por meio de músculos.

 

   

  Imagem 5. Divisão e detalhes do corpo em Oligochaeta, esquema básico. Imagem retirada do site Nemaplex, vinculado à Universidade da Califórnia.

1.2.2 Locomoção

Dependente de seu esqueleto hidrostático, a ação dos músculos da parede do corpo nos fluidos celômicos fornece as mudanças hidráulicas necessárias para movimentação, essa ação é ordenada e controlada para ser útil ao movimento.

Quando os músculos circulares e longitudinais se contraem, alternadamente, permitem o rearranjo do fluido em seu próprio segmento, assim aumentando ou diminuindo o diâmetro e o comprimento. Se o diâmetro diminui aumenta o comprimento, e vice versa. Esse processo é rápido e eficaz para a locomoção.

As cerdas ainda auxiliam no deslocamento prendendo o corpo do animal no substrato e impedindo que o animal recue para trás.

       1.2.3 Alimentação

Podem apresentar hábitos raptoriais (predadores), alguns de água doce capturam suas presas por meio de sucção da sua faringe muscular.

A maioria é comedor de depósito, como as minhocas que engolem todo o substrato das galerias. A matéria orgânica é ingerida pelo trato digestivo e o restante é eliminado pelo ânus. Podem ainda ser detritívoros, ingerir pequenas partículas por ação muscular ou ciliar, ou utilizar movimentos com as cerdas para levantar as partículas do sedimento e aderir a elas.

       1.2.4 Sistema Digestório

Divido em três partes principais, região anterior, estomodeu, que é compreendido pela boca uma cavidade bucal curta, uma faringe muscular e um esôfago, este com porções dilatadas formando uma moela. Na parede do esôfago pode haver glândulas calcíferas.

A região mediana é derivada da endoderme. O intestino possui uma área que aumenta a superfície de contato com o alimento, tiflossole, que ampliando a área de absorção. Ainda encontram-se as células cloragógenas. A região posterior (proctodeu) compreende um reto curto e um ânus localizado no pigídio.

       1.2.5 Excreção e Osmorregulação

Cada segmento possui metanefrídeos pareados, exceto no pigídio e prostômio. O metanefrídeo é composto de um nefrostômio pré-septal. Os nefridióporos localizam-se ventrolateralmente e são responsáveis por excretar a urina e contribuir na osmorregulação. As formas aquáticas excretam amônia, e a maioria das formas terrestres excretam uréia.

A osmorregulação dos organismos de água doce é de grande responsabilidade dos nefrídios, a água é excretada e os sais são retidos e absorvidos. Os terrestres não são osmorreguladores, perdem água de acordo com a quantidade de água do ambiente.

       1.2.6 Circulação e Trocas Gasosas

Na maioria das espécies, as trocas gasosas ocorrem na superfície do corpo, que é mantida úmida por muco ou fluido celômico liberado através de poros.

A circulação se dá por três vasos principais: longitudinal dorsal (funciona como um bombeador), longitudinal ventral e longitudinal subneural. A maior parte das trocas gasosas entre o sangue e os tecidos ocorre em redes capilares. O sangue flui posteriormente e anteriormente, vasos circum-esofágicos, ajudam a propelir o sangue e manter a pressão sanguínea. 

Os terrestres realizam trocas gasosas quando expostos ao ar, mas quando sua galeria é inundada, alguns podem formar uma espécie de “pulmão” para realizar respiração no exterior, este é simplesmente uma projeção da sua extremidade posterior por uma abertura do solo.

       1.2.7 Sistema Nervoso

O sistema nervoso central é composto por um gânglio cerebral supra-entérico unido a um cordão nervoso ventral ganglionar por conectivos circum-entéricos e um gânglio subentérico, o par de cordões nervosos centrais estão quase sempre fundidos.

O gânglio cerebral, origina vários nervos prostomiais. Os conectivos e os gânglios segmentares originam os nervos motores e sensoriais. As reações independentes de cada segmento são iniciadas no gânglio subentérico.

       1.2.8 Órgãos Sensoriais

São dotados de receptores sensoriais. Dentro da musculatura, há células com função de receptores de tensão. Os órgãos sensoriais epiteliais têm função de receptores táteis, assim, auxiliam na escavação ou rastejamento.

 A quimiorrecepção fornece mudanças de pH e outros mecanismos de seu meio, além de auxiliar na localização e seleção de seu alimento. Os Oligochaeta de água doce possuem fotorreceptores simples em todo o corpo.

       1.2.9 Regeneração e Reprodução Assexuada

Alguns podem regenerar qualquer parte do corpo enquanto outros já possuem baixo nível de regeneração. Mas, é mais fácil regenerar os segmentos posteriores que os anteriores. Em espécies de água doce, a reprodução assexuada pode ser comum e alternada com a sexuada; ocorre quando o ambiente é favorável.Essa reprodução se dá por uma ou mais formas de fissão transversal, brotos em regiões do corpo do indivíduo ou fragmentação do corpo.

       1.2.10 Reprodução Sexuada

Todos os Oligochaeta que se reproduzem sexuadamente são hermafroditas e possuem glândulas permanentes. Esses organismos apresentam regiões especializadas para a reprodução cruzada.

Os espermatozóides são liberados nos espaços celômicos, amadurecem e são coletados pelas vesículas seminais, depois transferidos aos gonóporos. Os óvulos são liberados no celoma e armazenados em ovissacos. Posteriormente são transportados para os gonóporos. Muitos possuem espermatecas que armazenam espermatozóides de outro indivíduo.

Possuem uma região glandular chamada de clitelo, responsável por formar um casulo e produzir muco. Depois da cópula, forma-se um casulo, que é deslocado à porção terminal do animal, passando pelo gonóporo, onde há deposição de óvulos e depois pelo receptáculo seminal, que liberam os espermatozóides. O desenvolvimento é direto.

 

     

Imagem 6. Foto da cópula em Oligochaeta, De Anza College.

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1.3 Hirudinoidea (Hirudinomorpha ou Hirudinea)

       1.3.1 Características Gerais

Esta subclasse de Clitellata apresenta algumas modificações bem características, como por exemplo, a perda da segmentação, glândulas salivares secretoras de substâncias anticoagulantes (espécies hematófagas) e a presença de uma ventosa anterior e uma ventosa terminal ventral, ou posterior. Esta é uma especialização do pigídeo e dos últimos segmentos para aderência no hospedeiro, no substrato ou para auxílio ao movimento.

Aproximadamente 500 espécies já foram descritas. São predominantemente, dulcícolas, mas podem ser encontrados em ambientes marinhos e terrestres, com uma ampla distribuição.

Esses animais possuem o corpo achatado dorsoventralmente, têm um número de segmentos fixo, e possuem clitelo, evidente apenas na fase reprodutiva. A organização do corpo é homônoma, e a metameria é disfarçada pelas anelações secundárias. Os Hirudinoidae possuem canais celômicos mais reduzidos, o que permite a presença de um esqueleto hidrostático.

   

Imagem 7. Stibarobdella macrothela, sanguessuga removida de um tubarão de nariz pontudo (Atlantic sharpnose shark - Rhizoprionodon terraenovae), Carolina do Sul. The Southeastern Regional Taxonomic Center (SERTC), South Carolina Department of Natural Resources.

   

1.3.2 Locomoção

  Os organismos epibentônicos utilizam as ventosas como pontos de apoio para a locomoção, uma vez que não há parapódios nem cerdas para auxiliar na tração do corpo, realizam o mecanismo de “mede-palmos”, em que a ventosa posterior aderida ao substrato, logo em seguida, os músculos circulares se contraem, de maneira que resulte no alongamento do corpo do animal e redução do diâmetro, provocando uma contração dos músculos longitudinais, encurtando seu corpo e puxando a extremidade mais posterior para a frente.

 Algumas sanguessugas podem nadar para localizar hospedeiros não-bentônicos, por meio de ondulações dorso-ventrais do corpo.

       1.3.3 Alimentação

  Os predadores se alimentam de pequenos invertebrados. Os comedores de depósito são os poucos organismos (conhecidos também como detritívoros) que se alimentam de restos de animais mortos.

Os simbiontes, em sua maioria, são ectoparasitas que se alimentam de fluidos corpóreos de seus hospedeiros. Muitas sanguessugas não permanecem aderidas ao seu hospedeiro, por isso a maioria utiliza a hirudina, um importante anticoagulante para auxiliar na obtenção do sangue ou da hemolinfa (de acordo com o grupo predado).

       1.3.4 Sistema Digestório

O sistema digestório é dividido em três regiões , região anterior (estomodeu), que inclui, boca, mandíbula, cavidade bucal, probóscide, faringe e esôfago. Essa região é revestida por cutícula. Possui também glândulas salivares unicelulares, que secretam hirudina e antibióticos nas sanguessugas hematófagas com mandíbulas (parasitas) e secretam enzimas para auxiliar na penetração da probóscide.

A segunda região é denominada mediana, começa com um estômago ou papo, o qual porta grandes cecos que possuem capacidade de armazenar alimento. A terceira e ultima região é denominada região posterior (proctodeu), e compreende um reto curto e um ânus dorsal perto da junção do corpo com a ventosa posterior.

       1.3.5 Excreção e Osmorregulação

  A excreção e a osmorregulação são relacionadas com o fluido circulatório. Os nefrídeos estão segmentarmente dispostos (e são derivados dos metanefrídeos), exceto nos anteriores e posteriores. Os nefrostômios, que participam da excreção, são funis ciliados associados aos vasos circulatórios, os órgãos ciliados.

 O nefrostômio não conduz o material ao ducto aberto, mas por uma câmara de fundo cego chamada de cápsula nefridial. Esta é conectada a um nefridioduto formado por canais intracelulares que realizam efetivamente a seletividade do material e a formação da urina composta por amônia. O material é levado a uma bexiga e eliminado pelo nefridióporo. Os nefrídeos também servem como osmorreguladores, onde a urina é bem diluída, o que elimina o excesso de água e retêm diversos sais.

       1.3.6 Circulação e Trocas Gasosas

O sistema circulatório possui vasos e canais circulatórios estruturais que são movidos por vasos contráteis e pelos movimentos do corpo, em um sistema fechado.

As trocas gasosas realizadas em organismos sem apêndices são por difusão, através da parede do corpo, e podem ser realizadas pelas brânquias apenas em Ozobranchidae.

       1.3.7 Sistema Nervoso

O sistema nervoso central desses animais é composto por poucos neurônios. Inclui um gânglio cerebral ao nível da faringe, conectivos circum-entéricos e o gânglio subentérico. Os gânglios são dispostos em dois cordões nervosos longitudinais que se originam do anel nervoso e se estendem ao longo do corpo.

       1.3.8 Órgãos Sensoriais

Alguns Hirudinomorpha possuem órgãos sensoriais epidérmicos. Sanguessugas possuem de 2 a 10 ocelos dorsais e papilas sensoriais, os quais dão sensibilidade ao toque. As espécies hematófagas reagem à luz e são quimiossensíveis à secreções emitidas pelo seu hospedeiro.

       1.3.9 Regeneração e Reprodução Assexuada

Não possuem regeneração e reprodução assexuada conhecidas.

       1.3.10 Reprodução Sexuada

São animais hermafroditas clitelados, e com órgãos reprodutores complexos. Os espermatozoides são carregados a um gonóporo único. Em Arhynchobdellae, o aparelho copulatório pode formar um pênis eversível, mas em Rhyncobdellae não existe pênis, há a formação de espermatóforos, que penetram na parede do corpo do animal por impregnação hipodérmica. Os espermatozóides emergem da cavidade e se locomovem até o ovário do parceiro. O desenvolvimento é direto, sem estágio larval.

 

     2. Glossário

Bilobado - divisão em dois lobos, duas regiões, como por exemplo, no cérebro.

Circum-esofágicos- circundam o esôfago.

Circunfaringeanos- circundam a faringe.

Detritívoros - animais que se alimentam de detritos e matéria orgânica em decomposição.

Epibentos ( ou epibentônicos) - organismos que vivem na superfície do fundo de ambientes aquáticos. Mesmo significado de epifauna.

Epitoquia - uma espécie de modificação reprodutiva, quando ocorre um tipo de diferenciação morfológica para a ocorrência da reprodução.Os epítocos são corpos transportadores de gametas que conseguem nadar do fundo para a coluna d’água onde os gametas são liberados para ocorrer a fecundação.

Errante - movimenta-se sem uma direção certa.

Esquizocélica - processo de formação embrionária do celoma pelo surgimento de cavidades a partir de massas de células mesodermais.

Metanefrídios - estrutura de excreção dos moluscos e anelídeos, composto basicamente por um canal ciliado.

Nefrídios - órgão especializado para a excreção e/ou osmorregulação, com abertura para o exterior e com ou sem abertura interna.

Nefróstoma - abertura de um metanefrídeo para o interno, isto é, para a cavidade celomática.

Peritônio - tecido derivado da mesoderme que delimita a cavidade celomática. Nos anelídeos, camada mais interna da parede do corpo, monoestratificada.

Probóscide - porção anterior do tubo digestivo corresponde á faringe, que pode ser evertida durante o ato de alimentação de alguns poliquetos (anelídeos). Pode ser muscular ou não, com ou sem dentículos e mandíbulas, bilobada, cilíndrica ou em forma de saco.

Raptoriais - organismos entendidos como predadores.

Tronco heterônomo - segmentos corporais desenvolvidos para diferentes funções, especializações.

Tronco homônomo - segmentos muitos parecidos uns com os outros.

 

     3. Referências

Brusca, R.C. & Brusca, G.J. Invertebrados. Guanabara-Koogan. 2007. 401-457p.

Phylum Annelida - segmented worms, leeches - Disponivel em: <https://www.marlin.ac.uk/taxonomydescriptions.php> Acesso em: 22/10/2013

Ribeiro-Costa, C.S. & Rocha, R.M. Invertebrados: Manual de Aulas Práticas. 2ª edição. Holos Ed.. 2006. (Série: Manuais Práticos em Biologia, 3). 115-127p.

Ruppert, E.E.; Fox , R.S. & Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7ª edição. Livraria Roca Ltda. 2005. 483-558p.

Tree of Life Web Project – Annelida <https://tolweb.org/2486> Acesso em: 27/10/2013

Imagem  de capa -

Disponível em:<https://tolweb.org/onlinecontributors/app;jsessionid=660F6646094AF54558BC89F48935AB4C?page=ViewImageData&service=external&sp=239> Acesso em: 29/10/2013

Imagem 1 

Disponível em:<https://www.marlin.ac.uk/taxonomydescriptions.php> Acesso em: 22/10/2013

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Disponível em: <https://www.dnr.sc.gov/marine/sertc/images/Glycera%20americana.jpg> Acesso em: 09/11/2013

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Disponível em:<https://www.dnr.sc.gov/marine/sertc/images/photo%20gallery/Nereis%20succinea%20ant%20and%20post.jpg>

Acesso em: 09/11/2013

Imagem 5

Disponível em: <https://plpnemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Kingdoms/Annelida.htm>

Acesso em: 12/11/2013

Imagem 6

Disponível em: <https://www.deanza.edu/faculty/mccauley/6a-labs-annelid-01.htm>

Acesso em: 10/11/2013

Imagem 7

Disponível em: <https://www.dnr.sc.gov/marine/sertc/images/photo%20gallery/Stibarobdella%20macrothela.jpg>

Acesso em: 09/11/2013